Música no Coração

És uma marota, filha. Deixaste-me sentir-te tão cedo e agora a partir das 18 semanas começaste a fazer-te de difícil e a posicionar-te de forma a que seja impossível sentir-te mexer. Foram uns dias preocupantes, em que tentei não pensar muito no assunto, sabendo que é normalíssimo devido ao teu pequenino tamanho e à placenta anterior. 

Deitava-me de barriga para cima, comia chocolate, comia rebuçados, inclinava-me para a esquerda e mesmo assim, continuavas no teu cantinho sem me dar sinais. Conseguia, às vezes, perceber em que lado estavas, pois delineavas uma protuberância enorme ora de um lado da barriga, ora do outro, mas não conseguia perceber os teus movimentos.

Foi então que decidimos comprar um doppler para ouvirmos o teu coração e acalmar o meu de mãe.

E é este o nosso ritual antes de dormir e ao acordar. Eu e o teu pai, cada um com os seus headphones ligados ao doppler a ouvir o mais belo som que possa existir, o bater apressado do teu coração. Como é tão bom filha. Como ficamos sempre de sorrisos patetas e apaixonados, mesmo que o teu tumtumtum acelerado seja igual ao da vez anterior. É maravilhoso!

Continua a crescer forte e saudável, e se possível, dá-me uns pontapés e umas cabeçadas daquelas que me fazem tão feliz.

Até já, meu amor maior.